Um Pote de Mel
Oi.
Um ano depois do último post. Bom, resolvi que esse espaço precisa rolar sem auto cobrança e ele só vai acontecer quando eu achar que tenho algo pra dividir com vocês, então...
Voltei aqui pra dividir uma história que eu e o
Kito vivemos. História triste.
O Mel, nosso gatinho, ficou muito doente. Há dois
anos ele foi diagnosticado com insuficiência renal. Percebemos que ele vinha
perdendo peso e quando investigamos, descobrimos a doença. Ao ler mais sobre o
assunto, vi que é algo comum em cães e gatos.
Eu sempre achei que o Mel seria sempre forte e
que ele viveria muito. Como ele é meio siamês e meio tomba-lata, achei que essa
mistura daria uma força e resistência extras, diferente dos animais que são de
raças mais puras, com problemas genéticos, e tal...
Desde o diagnóstico o Mel ficou estável. Trocamos
a comida, para não sobrecarregar os rins, passamos a monitorar a creatinina (enzima
que indica se os rins estão bem) e a controlar o peso. Nos últimos três meses
ele piorou. Perdeu ainda mais peso e parou de comer. Aí começaram as idas e
vindas no veterinário e no hospital. Ele ficou internado várias vezes, pra
tomar soro intravenoso e fazer os rins voltarem a funcionar. No início me
desesperei e procurei outras alternativas, mas o veterinário ia me devolvendo a
realidade, dado o estágio da doença e a debilitação do Mel.
Foi quando as internações passaram a ficar mais
frequentes que o Kito e eu nos deparamos com o dilema da eutanásia. Pra mim
estava totalmente fora de questão, mas pro Kito era uma opção a ser considerada
sim, pois na razão dele, o animal é irracional, não tem como tomar decisões ou
escolher e cabe a nós, humanos, decidir como forma de respeito e última forma
de demonstração de amor. Para mim, decidir entre a vida e morte de outro ser
vivo era demais da conta, era brincar de Deus (!!??), se dar direitos indevidos.
O Mel foi meu primeiro animal de estimação e as experiências e emoções que tive com a companhia dele serão sempre as primeiras.
Passamos por um período tenso, o Kito e eu, pois as opiniões
eram totalmente diferentes. Tivemos discussões difíceis, com argumentos
carregados e a cada briga, eles ficavam mais elaborados e a coisa só se
arrastando.
O Mel foi pro céu dos gatinhos no dia 30 de
novembro (2012), acabamos decidindo pela eutanásia. Com o tempo cicatrizando a
ferida da perda, passei a aceitar a decisão com a alma e com o coração. Cheguei
a me culpar por não ter aceitado a eutanásia antes, pois acabei mudando muito a
forma de pensar e acho que ele sofreu demais. Mas esse foi o processo pelo qual
eu precisava passar para chegar aqui hoje e escrever esse post.
O Kito sempre evoca uma frase que fala sobre a beleza
do casamento e de se conhecer mais dentro desse tipo de relacionamento... “um
kilo de sal”... que faz menção a expressão de que precisamos comer um kilo de
sal ao lado do companheiro pra realmente conhecê-lo. Depois desse episódio, acho
que na verdade são cinco kilos. Discutimos sobre a vida e a morte e sobre
nossos destinos na velhice, o que queremos e não queremos nessa etapa da vida.
Como seria se um de nós dois se fosse antes do outro (e sim, isso vai
acontecer). E tudo isso veio a tona com o que passamos com o Mel, que antes de
partir, além de ter nos deixado um legado de amor e inúmeras boas lembranças, nos
ensinou mais sobre nós mesmos e sobre o nosso casamento. Obrigada, Meleca!
Um beijo!